Era uma vez um líder comunitário chamado Severino, conhecido por seu jeito carismático e suas palavras doces. Ele percorria as ruas da pequena cidade prometendo melhorias, defendendo os interesses do povo — ou pelo menos era o que dizia. Na prática, Severino falava mal de uns para outros, inventava histórias para se manter no centro das decisões e, com lábia afiada, enganava a todos para garantir seus próprios interesses.

Durante muito tempo, a cidade viveu dividida, acreditando nas versões distorcidas que ele espalhava. Uns desconfiavam, mas faltavam provas; outros, seduzidos pela sua conversa fácil, o defendiam com fervor.

Mas como toda mentira tem perna curta, os deslizes de Severino começaram a se acumular. Um dia, numa reunião pública, as histórias que ele contava para um lado começaram a bater de frente com o que ele dizia para o outro. Os moradores começaram a conversar entre si, a comparar o que tinham ouvido, e pouco a pouco o quebra-cabeça foi se montando. As contradições ficaram tão evidentes que já não havia como negar.

Severino tentou se explicar, mas dessa vez ninguém mais acreditava. O líder que antes encantava agora era visto com olhos de desconfiança e decepção. Sem o apoio da comunidade, foi ficando isolado, e sua voz, antes tão ouvida, passou a ecoar no vazio.

E assim, a cidade aprendeu a confiar mais em seus próprios olhos e ouvidos do que nas palavras de quem falava demais. E Severino… bem, Severino aprendeu, tarde demais, que a verdade sempre encontra um jeito de aparecer.

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