Os bastidores da política potiguar voltaram a ferver nos últimos dias com as conversas cada vez mais intensas sobre uma possível aliança entre o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias, e o senador Rogério Marinho (PL). A ideia de ver os dois no mesmo palanque, antes tida como improvável, ganha corpo à medida que cresce a movimentação da direita raiz para se reorganizar com força total para as eleições do próximo ano.
Fontes ouvidas por interlocutores políticos garantem que Álvaro estaria inclinado a se filiar ao Partido Liberal (PL), abrindo caminho para um acordo direto com Marinho e consolidando uma frente conservadora robusta na capital. A operação teria como objetivo reconstruir a base da direita que se fragmentou após as últimas eleições, e que agora busca uma candidatura competitiva e identificada com o campo ideológico bolsonarista.
Cientistas políticos consultados por analistas locais afirmam que o cenário de 2026 tende a repetir a polarização observada nas últimas disputas — direita versus esquerda — sem muito espaço para candidaturas que tentem se equilibrar no centro. O eleitorado, afirmam, demonstra cada vez menos tolerância com posicionamentos ambíguos ou “em cima do muro”.
Esse raciocínio ajuda a explicar fenômenos recentes, como a derrota de Carlos Eduardo Alves em Natal, quando o ex-prefeito não conseguiu se firmar nem como representante da direita nem como aliado da esquerda, perdendo apoio de ambos os lados. O risco de um novo caso semelhante paira sobre lideranças que tentem reproduzir essa estratégia em 2026.
Nesse contexto, o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), aparece em situação delicada. Apesar de se posicionar publicamente como um gestor de direita, seu grupo deve apoiar a senadora Zenaide Maia (PSD) — parlamentar reconhecida por suas pautas alinhadas à esquerda. A composição seria vista como uma “chapa híbrida”, pouco coerente do ponto de vista ideológico e de difícil aceitação popular.
“Em tempos de polarização extrema, o eleitor quer saber de que lado o candidato está. O meio-termo já não conquista ninguém”, analisa um cientista político ouvido sob reserva.
Enquanto isso, Álvaro Dias parece disposto a se recolocar como uma liderança nacionalmente conectada à direita. Se a filiação ao PL se confirmar, ele entrará de vez no jogo eleitoral como uma das principais apostas de Rogério Marinho para consolidar um projeto conservador unificado no Rio Grande do Norte.
Os próximos meses prometem intensas negociações, mas uma coisa é certa: a direita potiguar quer falar em uma só voz — e, dessa vez, sem espaço para ambiguidade.
