A decisão do ministro Alexandre de Moraes de mandar Domingos Brazão para prisão domiciliar — mesmo diante das graves acusações de envolvimento no assassinato de Marielle Franco — levanta questões sérias sobre coerência, justiça e seletividade na aplicação das leis. A medida, tomada sob o argumento de problemas de saúde, enfraquece a confiança pública num sistema que já carrega a fama de proteger os poderosos.

Mais chocante ainda é o silêncio ensurdecedor de setores da esquerda que, por anos, usaram a imagem de Marielle como símbolo de resistência, justiça social e luta contra a violência política. Quando a denúncia finalmente aponta para os mandantes — entre eles figuras do alto escalão político do Rio de Janeiro — esperava-se uma reação forte, indignada e exigente por parte daqueles que empunharam cartazes com o rosto de Marielle.

O silêncio, nesse caso, beira a conivência. Ou, no mínimo, revela o cálculo político de quem prefere não bater de frente com figuras do centrão e outros aliados estratégicos. Essa omissão compromete o legado de Marielle, que foi assassinada justamente por confrontar as estruturas de poder corruptas e violentas.

É preciso lembrar que justiça não pode ser seletiva, e coerência é o mínimo exigido de quem diz lutar por um Brasil mais justo. Marielle não era um slogan — era uma mulher, uma vereadora, uma militante. E a melhor forma de honrá-la é não permitir que o jogo político silencie diante de decisões como essa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *