
Natal (RN) – Um movimento silencioso, mas crescente, tem se instalado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. A cada dia, mais deputados estaduais dão sinais claros de que não irão apoiar a candidatura ao governo estadual ligada diretamente à atual gestão da governadora Fátima Bezerra (PT). A tendência revela um processo de esvaziamento da base governista, com potencial para comprometer o projeto de sucessão no Executivo estadual.
Entre os nomes que já definiram posição está o deputado Neilton Diógenes (PP), que declarou apoio à pré-candidatura do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), nome que desponta como um dos principais adversários do grupo ligado ao governo. A declaração de Neilton, que representa a região Oeste, fortalece a articulação oposicionista no interior do Estado.
Também figura entre os que se afastaram a deputada Eudiane Macedo (PV). Mesmo integrando a federação partidária Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB), a parlamentar já sinalizou que não estará no palanque governista em 2026. Com base eleitoral sólida na Zona Norte de Natal, sua saída é tratada como um revés dentro da federação.
Nome sem empolgação
Nos bastidores, a governadora Fátima Bezerra tem articulado a pré-candidatura do atual secretário de Desenvolvimento Econômico, Cadu Xavier. A escolha, no entanto, não tem empolgado deputados estaduais, prefeitos ou lideranças regionais, que veem o nome como desconhecido do grande público e sem capacidade de aglutinar apoio político em larga escala.
“É um bom técnico, mas não tem tração eleitoral. Ninguém se anima com essa candidatura”, afirmou um deputado da base que prefere não se identificar.
Erosão da base
Com 24 parlamentares na Assembleia Legislativa, o governo contava com apoio confortável no início do mandato. Agora, estima-se que mais da metade dos deputados estejam distantes ou completamente desvinculados do projeto sucessório liderado por Fátima. Além de Neilton e Eudiane, outros parlamentares têm adotado postura de neutralidade ou iniciado conversas com campos oposicionistas.
Oposição se articula
Enquanto o governo tenta manter sua base coesa, pré-candidatos como Allyson Bezerra têm avançado nas articulações com deputados e prefeitos, especialmente nas regiões Oeste e Agreste. A possível candidatura do senador Rogério Marinho (PL), embora ainda incerta, também mexe com os bastidores e pode atrair ainda mais parlamentares insatisfeitos.
Silêncio no governo
Até o momento, nem a governadora Fátima Bezerra nem sua equipe de articulação política se pronunciaram publicamente sobre a debandada na Assembleia. Internamente, interlocutores do governo têm buscado recompor alianças com promessas de espaço em um eventual novo governo e liberação de emendas parlamentares.
Cenário em aberto
Com o afastamento de nomes estratégicos e a falta de entusiasmo em torno do nome de Cadu Xavier, o grupo governista entra no segundo semestre de 2025 com sérias dificuldades para construir um projeto eleitoral competitivo. O distanciamento de parte significativa da base legislativa indica que a eleição para o governo do Estado em 2026 pode ter um novo arranjo, menos polarizado e mais fragmentado.