Parnamirim (RN) – Anunciada nos bastidores como um passo para “modernizar” a máquina pública, a reforma administrativa que a prefeita Professora Nilda pretende implementar nos próximos dias está cercada de expectativa — mas também de dúvidas e tensões internas. A medida, embora ainda sem detalhes oficiais, é tratada como uma resposta direta à insatisfação crescente com o desempenho de áreas-chave da gestão, como Saúde e Limpeza Urbana.
Eleita em 2024 com um discurso de renovação e compromisso social, Nilda assumiu em janeiro de 2025 com a promessa de imprimir uma nova forma de governar. No entanto, pouco mais de seis meses depois, o que se vê é um desgaste precoce com parte da base, pressão popular por melhorias básicas e ruídos operacionais visíveis. A possível reforma surge, assim, não apenas como um plano técnico, mas como um movimento político para reverter o cenário desfavorável e tentar consolidar autoridade dentro da própria estrutura de governo.
Fontes ligadas à prefeitura indicam que a prefeita estaria insatisfeita com a condução da Secretaria de Saúde, alvo de constantes reclamações da população e palco de conflitos internos entre gestores e servidores. Já a área de Limpeza Urbana, essencial para a imagem da gestão nas ruas, tem colecionado críticas pela precariedade dos serviços e pela desorganização contratual. Mudanças nesses setores são esperadas — mas o risco de decisões apressadas ou motivadas por disputas de bastidores preocupa parte da equipe técnica e do funcionalismo.
Se, por um lado, a reestruturação pode representar uma tentativa legítima de corrigir rumos e imprimir identidade à gestão, por outro, há o risco de ser percebida como um ato de desespero administrativo diante de uma gestão que ainda não conseguiu mostrar resultados concretos. A prefeita tem capital político, mas esse capital tem prazo: sem resultados visíveis e ações consistentes, a reforma pode virar munição para os adversários, que já articulam críticas e mobilizações.
A população de Parnamirim, que já espera por melhorias há décadas, não pode ser mais uma vez espectadora de um rearranjo interno que muda nomes, mas não transforma realidades.
