
Durante a cobertura do São João de Natal, a repórter Andreyna Patrício, da TV Tropical, foi hostilizada e agredida enquanto exercia seu trabalho. Em pleno espaço público, cercada por um homem que não aceitava sua presença ali e foi intimidada de forma covarde — um ataque direto à liberdade de imprensa e à integridade de uma mulher profissional.
Diante da gravidade do ocorrido, fui procurar manifestações de solidariedade — especialmente entre aqueles que se dizem defensores das mulheres, da liberdade de expressão e da democracia. Procurei nos blogs, nas redes sociais, nas vozes militantes da esquerda potiguar que, em outras ocasiões, fazem questão de se manifestar. Mas o silêncio foi total. Nenhuma nota, nenhum post, nenhuma indignação.
Essa omissão diz muito. Quando a vítima não pertence ao “lado certo” da narrativa, parece que a solidariedade é descartável. Quando a jornalista não trabalha para um veículo alinhado com suas ideias, o respeito à mulher deixa de valer? Isso tem nome: hipocrisia.
É fácil gritar “respeitem as mulheres” nos palanques e hashtags. Difícil é manter esse discurso quando quem sofre a violência é alguém que não serve à conveniência ideológica de certos grupos.
Falam em “lugar de fala”, mas ignoram quando a mulher agredida é uma repórter conservadora. Falam em “luta contra a violência política de gênero”, mas não movem um dedo quando o agressor não veste verde e amarelo. Falam em “democracia”, mas assistem calados quando uma jornalista é empurrada e humilhada por apenas estar trabalhando.
Esse silêncio não é neutro. É conivente. É cúmplice.
Minha solidariedade total à repórter Andreyna Patrício. Meu repúdio à agressão covarde. E minha denúncia à hipocrisia daqueles que vestem a pauta dos direitos humanos como uma fantasia, mas a tiram na primeira oportunidade em que ela não serve aos próprios interesses.
Liberdade de imprensa não tem lado. Respeito às mulheres não é opcional. Quem se cala agora, amanhã pode ser vítima do mesmo silêncio.