Quando comecei esse blog em fevereiro de 2021, ouvindo conselhos de amigos, acreditava que uma página de blog político tinha por essência a comunicação, depois descobri que existe uma indústria de construção de imageme bem mais de desconstrução. Ao longo desse tempo vivenciei discursões, ligações desaforadas, pedidos inusitados, tudo com muita discrição que sempre foi o meu perfil. Vi muitos blogs sendo construídos e depois sendo fracassados pelo simples fato do objetivo ser totalmente financeiro. C

idadão que criava blog em um dia e no outro me ligava perguntando como conseguia mídia institucional, ora, este blog conseguiu seu primeiro pedido de inserção (PI) com quase dois anos de criação. Hoje a indústria de blogs deixou o verdadeiro fim informativo pra ser uma máquina mercantilista.

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Na era da hiperconexão, onde cada segundo vira manchete e cada curtida vale mais que um voto, a política encontrou um novo palanque: o blog. E não estamos falando de colunas assinadas por especialistas em portais tradicionais. Estamos falando de uma proliferação quase viral de blogs independentes, pessoais e muitas vezes anônimos, onde análises, palpites e teorias fervilham sob o disfarce de opinião.

Se a política sempre foi palco, agora virou feed.

Com a queda das barreiras editoriais, qualquer um com um teclado e uma conta no WordPress pode montar sua redação, seu comitê, sua trincheira ideológica. A indústria da mídia, já pressionada por cliques e polarização, assiste a esse fenômeno com ambiguidade: por um lado, celebra o “engajamento”. Por outro, observa sua autoridade ser diluída em uma maré de microvozes.

De colunistas a comentaristas de sofá digital.

Blog sobre política virou quase um rito de passagem. Ex-estudantes de ciências sociais, jornalistas desencantados, advogados indignados e influenciadores sem nicho: todos encontram no blog político o palco perfeito para opinar, desabafar ou militar. Alguns, com brilho intelectual e pesquisa. Outros, com memes e manchetes em caixa alta.

Textos longos, títulos provocativos, fontes questionáveis e convicções absolutas. O blog político é, muitas vezes, menos jornalismo e mais performance. É análise travestida de torcida. Mas também pode ser o contrário: é nesse espaço paralelo que muitas discussões sérias têm começado — longe dos filtros e da moderação dos grandes veículos.

Os blogs se transformaram em ferramentas de influência e, em alguns casos, em verdadeiras incubadoras de narrativas. Um post pode virar pauta, virar podcast, virar polêmica. A mídia tradicional, encurralada pela velocidade e pelo algoritmo, muitas vezes é arrastada por essa enxurrada opinativa — reproduzindo, legitimando, combatendo.

Conclusão: Entre liberdade de expressão e excesso de expressão, a política virou um eterno post.

A indústria da mídia, antes centralizada e vertical, se vê desafiada por uma multidão de microemissores, todos certos de estarem certos. É libertador, é caótico, é contemporâneo. A democracia agradece — mas pede, com urgência, um pouco mais de filtro. Não o do Instagram, mas o do pensamento crítico.

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