Púlpito e Política: Uma Mistura Perigosa

No último domingo, em uma igreja lotada no interior do RN, o sermão se confundiu com discurso político. Entre passagens bíblicas e reflexões espirituais, sobrou espaço para críticas a partidos, elogios a candidatos e até mesmo recomendações de voto. Não foi a primeira vez — e, ao que tudo indica, não será a última.

O Brasil, país de religiosidade fervorosa e tradição democrática ainda em amadurecimento, tem testemunhado cada vez mais a sobreposição entre fé e política institucional. Igrejas que deveriam ser espaço de acolhimento e reflexão espiritual estão, em muitos casos, se transformando em palanques eleitorais. Em Natal por exemplo já teve pastor da Assembleia de Deus que vetou pregador pelo simples fato de ser correligionário do adversário político. O púlpito, usado para pregar valores universais, está sendo instrumentalizado para fortalecer interesses particulares.

A religião, quando transformada em ferramenta política, deixa de ser ponte e passa a ser muro. Ao dividir os fiéis entre “os nossos” e “os deles”, desfaz o laço comunitário e compromete a missão ética que deveria nortear tanto a fé quanto a política.

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