A má gestão do transporte público em Parnamirim consegue se superar. O Blog do Bispo vem mostrando o péssimo serviço de transporte da cidade e agora recebeu a denúncia de uma van fabricada em 2001 – sim, há 24 anos – que circula pelas ruas da cidade transportando passageiros com placa cinza, ou seja, de forma totalmente irregular, como se fosse um veículo particular. Mas ela opera diariamente em uma linha do sistema Interbairros, que cobra tarifa, recebe passageiros e, teoricamente, deveria obedecer às normas mínimas do Código de Trânsito Brasileiro.
O caso escancara o abandono do poder público com a população que depende desse serviço essencial. Não se trata apenas de um erro técnico: é um reflexo claro do desleixo com que Parnamirim trata a mobilidade urbana. Como é possível que uma van com mais de duas décadas de uso e sem o devido emplacamento continue circulando como se fosse normal?
E mais: esse não é um caso isolado. Já foram registradas outras vans do Interbairros fabricadas em 2001, além de veículos de 2006, todos operando em condições questionáveis, sem acessibilidade, sem integração tarifária, e com um valor de R$ 4 por passagem, que pesa no bolso de quem depende do transporte todos os dias.
Não há elevadores funcionando. Pessoas com deficiência seguem invisíveis nesse sistema. A única “adaptação” parece ser o improviso para manter as vans funcionando. São vans apertadas, muitas vezes lotadas, sem conforto ou ventilação. Um cenário que lembra mais um transporte clandestino do que um sistema público oficializado.
E a fiscalização? Sumida. O que diz o município? Silêncio. Enquanto isso, os operadores seguem nas ruas com veículos que, pelo menos em alguns casos, nem poderiam estar em circulação cobrando passagem, de acordo com o artigo 231 do CTB. Placa cinza em transporte remunerado? Isso é infração gravíssima, com multa, remoção do veículo e pontos na carteira do condutor.
O cidadão, mais uma vez, paga a conta com suor, cansaço e insegurança. Quem deveria zelar pelo transporte coletivo de qualidade parece ter escolhido fechar os olhos para tudo o que acontece em Parnamirim.
