O sol nasceu mais devagar naquele domingo. Era como se o céu inteiro segurasse o fôlego, à espera do que viria. As ruas estavam vazias, as janelas entreabertas e as mãos postas em oração. Domingo de Páscoa. Para muitos, uma data de tradições: ovos de chocolate, refeições em família, abraços que tentam dizer o que as palavras não alcançam. Mas há um silêncio que paira sobre esse dia, um silêncio sagrado, nascido da cruz.

Há mais de dois mil anos, outro domingo amanheceu assim, com o peso da dor e a semente da promessa. Três dias antes, um homem — de carne, osso e amor incondicional — havia sido pendurado em uma cruz. Não por merecer, mas por escolher. Escolheu sofrer para que nós fôssemos livres, escolheu o caminho da dor para que tivéssemos vida. Jesus, o sacrifício vivo, a encarnação da esperança.

Naquele tempo, o mundo parecia ter perdido. A cruz era o fim, a morte era o ponto final. Mas eis o milagre: o que parecia fim era, na verdade, recomeço. O túmulo se abriu, e com ele, o céu também. A pedra foi removida, não apenas da entrada do sepulcro, mas dos corações incrédulos. O silêncio deu lugar ao aleluia.

O Domingo de Páscoa não é só lembrança de um milagre. É um convite. Um convite à fé que renasce mesmo depois do pior dos dias. Um chamado à vida abundante, à luz que vence a escuridão. O sacrifício de Jesus na cruz não foi apenas um ato de dor, mas o maior gesto de amor já escrito na história da humanidade.

E então, entre um café da manhã em família e os risos das crianças com seus ovos coloridos, vale a pena parar por um instante. Ouvir o eco daquele silêncio antigo. Sentir, ainda que por um segundo, a presença viva d’Aquele que venceu a morte. Porque a verdadeira Páscoa acontece ali — no coração que crê, na vida que se deixa transformar.

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