Estamos vivendo as últimas edições do Carnatal, a cada ano a festa diminui e perde seu apelo popular, o que atesta essa verdade é a diminuição no número de foliões e nos valores que a festa movimenta na economia da Cidade.

Sou do tempo que o Carnatal era patrimônio de todos os natalenses, os abadás começavam a ser vendidos em janeiro, e os comerciais do antigo bloco Galo do Sol davam o esquenta na TV, na semana da festa o axé tomava conta das rádios, supermercados e lojas de todos os tipos. Havia um clima todo especial nos dias que antecediam com a sede do América lotada em busca dos últimos abadás disponíveis.

A maioria das faculdades e escolas dispensavam seus alunos já na Quinta, o comércio fechava mais cedo, o trânsito em torno do Machadão era desviado, diversos camarotes eram montados ao longo da Romualdo Galvão, e o povão tinha a festa garantida com a pipoca que na maioria das vezes era mais animada do que o bloco. Os ambulantes faziam a renda de todo mês de dezembro em apenas 4 dias, espetinhos, cervejas e refrigerantes faltavam de tantas vendas. Na praia de Ponta Negra, era impossível achar vaga nos hotéis e pousadas, as praias lotavam de turistas em busca de curar a ressaca do dia anterior. Para quem fosse promotor de eventos, uma regra era aplicada, era impossível realizar qualquer festa durante os 4 dias, não dava pra competir com o Carnatal.

O declínio da festa pode ser explicado por vários fatores como a queda do axé music, a mudança no traçado, mudança na programação, a perda de apoio popular ou até mesmo o preconceito disfarçado de alguns com os blocos LGBTQIA+ que estão cada vez maiores.

Nisso não vejo culpa do governo nem da prefeitura, tendo em vista que continuam sendo apoio imprescindíveis para o evento.

O certo é que a Destaque entendeu a baixa e vendeu no ano passado para três grupos distintos, perdendo ainda mais a identidade do evento.

O que estamos assistindo é apenas resto de uma festa que fez parte da história da nossa cidade e conseguiu colocar Natal na rota do turismo internacional, e vive hoje seus dias de decadência.

O Carnatal é cada vez menos Natal.

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