A Assembleia Legislativa promoveu nesta sexta-feira (24) uma audiência pública para debater os novos desafios da cajucultura no Rio Grande do Norte. Proposta pela deputada estadual Isolda Dantas (PT), o evento realizado na Câmara Municipal de Mossoró, reuniu os principais envolvidos na cadeia produtiva, com o objetivo de obter êxito nas reivindicações referentes à pauta da castanha no RN.
“Essa cadeia produtiva tem sua importância econômica, porém é preciso enfatizar as questões culturais e sociais que essa cadeia possui para nós nordestinos. Precisamos unir forças nesse momento de retomada e fortalecimento do setor”, disse Isolda ao abrir os trabalhos.
Isolda Dantas agradeceu o empenho e a dedicação da deputada estadual Eudiane Macedo (PV) que também tem buscado soluções para o setor. “Agradecer a deputada Eudiane Macedo pelo empenho e pelo compromisso com a causa dos cajucultores do nosso Estado. É a soma de esforços em prol de uma cadeia que clama por socorro”, reforçou Isolda.
O especialista em cajucultura, Vitor Hugo fez uma explanação sobre a viabilidade econômica da castanha, destacando os gargalos da cadeia. “São pontos como o baixo nível tecnológico, desarticulação da cadeia, falta de acesso ao crédito, promoção da cadeia no mercado interno, importação da castanha e da amêndoa e atração de pequenas e médias empresas processadoras”. O especialista ressaltou a importância do debate para os que fazem a cadeia produtiva. “É muito interessante ver uma parlamentar apoiando uma cadeia, que muitas vezes parece invisível, como é a cajucultura do nosso Estado. Daí a importância desse debate”, disse.
Fátima Torres, representando a Central de Comercialização da Agricultura Familiar (Cofarn), foi enfática ao cobrar das autoridades soluções reais para a cadeia produtiva.
“Faltaram políticas públicas que beneficiassem essa cadeia produtiva. Faltou apoio financeiro, assistência técnica, estudos, valorização, capital de giro e uma política estadual de preço mínimo. Há anos estamos sozinhos. Só com a solução para esses pontos, essa cadeia produtiva será do tamanho que ela merece ser”, enfatizou.
Em sua fala, Vinícius Galdino de Sá, representante da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern), colocou a instituição à disposição do setor e sugeriu a realização de um congresso envolvendo outras instituições de ensino do Estado. “É nosso papel, enquanto instituição de ensino, participar desse debate e buscar através da pesquisa e dos projetos de extensão, encontrar soluções locais, com inovação e criatividade. Temos uma oportunidade única, com a proximidade que estamos tendo com a Universidade da China, onde poderemos trazer muitos benefícios para o setor”, ressaltou.
Diante das cobranças o representante do Banco do Nordeste (BNB), Eriflavio Maia Almeida, informou que a instituição está à disposição para atender a cadeia da cajucultura. “O banco está de portas abertas. Temos inúmeras linhas de crédito para oferecer aos produtores, sejam eles pequenos ou grandes. Contem conosco. O Banco do Nordeste é um banco parceiro do produtor potiguar”, falou.
Elano Gomes, presidente da Câmara Técnica da Cajucultura do RN, convocou as universidades a ajudarem os pequenos produtores com o conhecimento acadêmico obtido em sala de aula. “Esse conhecimento precisa sair dos muros das universidades e chegar ao campo. Quero dizer aos políticos que não olham para essa causa que os produtores de caju votam e elegem seus representantes”, disse.
A representante da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do RN, (Fetarn), Antônia da Silva, trouxe ao debate um ponto preocupante, que é a instalação dos parques eólicos nas regiões produtoras de caju. “A Federação e todos que a fazem, demonstra preocupação real com a produção desse ano, com a seca, mas muito mais com a instalação de dezenas de parques eólicos nas cidades produtoras, visto que o impacto negativo destas, tem comprometido diretamente a produção do caju”.
Ainda durante o debate que enriqueceu a audiência pública, Raimundo Canuto, representante da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf) sugeriu a realização de um grande seminário que reúna a maior parte dos envolvidos nesse tema. “Seria um grande momento para que pudéssemos buscar soluções, conhecer novas possibilidades e ouvir especialistas no tema. Sugiro que esse evento ocorra o mais rápido possível”, sugeriu.
Representando a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf), Marcílio de Lemos, colocou toda estrutura da secretaria para organizar a cadeia produtiva do caju no RN. “Nos colocamos à disposição para ajudar a construir alternativas que fomente essa cadeia. Nos colocamos à disposição para organizar o setor. As cadeias produtivas não podem ficar a mercê dos mercados. Precisamos proteger nossas cadeias, fortalecendo-as e ajudando a organiza-las”, colocou-se.
As ações da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), foram ressaltadas pelo representante do órgão, Rodrigo Maranhão. “Dizer que o Governo do Estado tem promovido um debate constante com especialistas, com deputados estaduais e federais, buscando colocar esse tema em evidência. Nos últimos meses temos nos debruçado sobre o assunto, buscado soluções para as problemáticas do setor”, informou.
Depois da participação do público presente à audiência, a deputada Isolda Dantas encaminhou alguns pontos que serão levados a quem de direito. “Os encaminhamentos que tiramos dessa audiência é que precisamos realizar um grande seminário sobre o tema, promover uma reunião com a bancada federal do Estado, uma reunião com a Governadora Fátima Bezerra, incluir a mecanização na cajucultura, marcar uma visita a cidade de Severiano Melo, junto ao presidente da Femurn, Luciano Santos, com o intuito de conhecer o caso de sucesso daquele município, entre tantas outras ações que não mediremos esforços para realizar por entendermos a importância dessa cadeia produtiva para a economia e para a cultura Potiguar”, finalizou.
O Rio Grande do Norte ocupa um relevante papel na produção de castanha de caju. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o RN produziu 20.336 toneladas de castanha até junho de 2023. A produção foi 11,7% maior se comparada com o mesmo período do ano anterior, em que foram produzidas 17.976 toneladas de castanha de caju.
Participaram da audiência vereadores, prefeitos, secretários, representantes das entidades e do setor produtivo de Mossoró e cidades produtoras de caju.