Revolta marca paroquianos da Igreja do Perpétuo Socorro após anúncio da saída do padre José Daniel

A comunidade católica da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro das Quintas, em Natal, vive um clima de forte insatisfação e comoção após o anúncio da saída do padre José Daniel, que estava à frente da paróquia há cerca de dois anos. A decisão, comunicada pela Arquidiocese de Natal, provocou reações imediatas entre os fiéis, que consideram a mudança uma perda significativa para a igreja e para toda a comunidade local.

Segundo os paroquianos, padre José Daniel vinha realizando um trabalho amplamente elogiado, marcado por forte presença pastoral, proximidade com os fiéis e ações concretas de renovação da vida paroquial. Um dos pontos mais destacados foi o resgate e a revitalização da tradicional Festa da Padroeira, que voltou a ganhar força e participação popular, reaproximando a comunidade da igreja.

Além das ações pastorais, o padre Daniel também deixou sua marca na estrutura física da paróquia. Recentemente, ele liderou uma reforma completa da fachada da igreja, que não passava por qualquer tipo de revitalização há mais de 25 anos. A obra foi vista pelos fiéis como um símbolo de cuidado, zelo e valorização do patrimônio religioso e histórico da Perpétuo Socorro.

Outro trabalho lembrado com destaque foi o início da construção no espaço onde funcionava o antigo salão paroquial. A obra, ainda em andamento, faz parte de um projeto de reorganização e ampliação da estrutura da igreja, com o objetivo de oferecer melhores condições para atividades pastorais, encontros comunitários e ações sociais.

Os paroquianos também ressaltam que, durante sua gestão, padre José Daniel conseguiu enfrentar resistências internas e romper com antigos paradigmas, afastando a ideia de que determinados grupos ou famílias se sentiam “donos” da igreja. Para a comunidade, esse processo tornou a paróquia mais aberta, participativa e acolhedora.

A revolta se intensifica quando se observa o histórico da paróquia, que ao longo de cerca de 50 anos teve apenas dois párocos: o padre Tiago Theisen e o padre Antônio Cassiano, ambos com longas permanências e memórias ainda muito vivas entre os fiéis. Diante disso, a saída de padre Daniel após um período considerado curto é vista como abrupta e difícil de compreender.

A Arquidiocese de Natal, por meio da Cúria Metropolitana, informou que a mudança não se restringe apenas à paróquia das Quintas. Outros padres, em diferentes regiões da capital e do interior, também estão passando por transferências, o que sinaliza um novo perfil de gestão pastoral da Diocese. Segundo avaliação de membros da comunidade, a atual orientação da Ocesse (Arquidiocese) busca reduzir o tempo de permanência dos padres nas paróquias, promovendo uma maior rotatividade no clero.

No caso da Perpétuo Socorro, em substituição a padre José Daniel, foi anunciada a chegada do padre Moreira, que atuava em São Gonçalo do Amarante. Padre Daniel, por sua vez, assumirá uma paróquia naquele município, em um processo de permuta entre os sacerdotes.

Os paroquianos fazem questão de destacar que o padre Moreira não tem qualquer responsabilidade pela decisão e não é alvo da revolta. Ainda assim, o clima na Igreja do Perpétuo Socorro é de tristeza, frustração e questionamentos.

Enquanto aguardam mais esclarecimentos da Arquidiocese, fiéis seguem manifestando apoio e gratidão ao padre José Daniel, afirmando que seu trabalho, tanto pastoral quanto estrutural, deixou marcas profundas na história recente da paróquia e na vida religiosa da comunidade das Quintas.

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