Presidente da Alerj é preso pela PF em nova etapa de investigações sobre vazamento de operações no Rio

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso na manhã desta quarta-feira (3) durante uma ação da Polícia Federal que apura o vazamento de informações sigilosas envolvendo operações contra o crime organizado no estado. A ofensiva faz parte da Operação Unha e Carne, que investiga a suposta obstrução da Operação Zargun, deflagrada anteriormente para desarticular conexões entre milícias, traficantes e agentes públicos.

Segundo a PF, Bacellar teria tido acesso privilegiado a documentos sob sigilo e contribuído para que alvos da Zargun tomassem conhecimento de medidas que seriam cumpridas, prejudicando o andamento das investigações. Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em endereços ligados ao parlamentar, inclusive na própria Alerj. A investigação tramita sob supervisão do Supremo Tribunal Federal.

A prisão provoca um novo terremoto político no estado, onde a relação entre crime organizado e agentes públicos tem levado a sucessivas operações de grande impacto. Bacellar havia sido eleito presidente da Alerj em 2025, com apoio amplo de diferentes blocos, consolidando-se como uma das figuras mais influentes da política fluminense.


Histórico: outras prisões de presidentes e ex-presidentes da Alerj

A prisão de Bacellar se soma a uma série de episódios que marcaram a história recente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, instituição frequentemente envolvida em escândalos de corrupção e investigações de grande repercussão.

— Jorge Picciani (MDB), Paulo Melo (MDB) e Edson Albertassi (MDB)

Em novembro de 2017, os três então líderes do MDB fluminense foram presos durante a Operação Cadeia Velha, acusados de integrar um esquema de propina ligado a empresas de ônibus. O caso gerou uma crise institucional inédita: deputados tentaram votar pela libertação dos colegas, mas uma decisão judicial anulou a manobra.
Picciani voltaria a ser preso em 2018, durante a Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato.

— André Corrêa (DEM)

Ex-presidente da Alerj, foi preso em novembro de 2018, também na Operação Furna da Onça, acusado de participar de um esquema de rachadinhas e distribuição de cargos em troca de apoio político. Passou mais de um ano detido e posteriormente ganhou liberdade.

— Deputados investigados na Lava Jato

Ao longo de 2016 a 2020, a Alerj tornou-se alvo de diversas fases da Lava Jato, com prisões de parlamentares, apreensão de documentos e quebra de sigilo de dezenas de políticos. O cenário consolidou a imagem da casa legislativa como um dos epicentros de corrupção investigada no país.


Um padrão que se repete

A prisão de Rodrigo Bacellar reforça a percepção de que o Legislativo fluminense segue no centro de operações que investigam a infiltração do crime organizado na política. A ação desta semana confirma que, mesmo após anos de investigações, o estado do Rio de Janeiro continua enfrentando desafios estruturais de transparência, integridade pública e controle de influência de facções criminosas.

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