Em Mossoró, o discurso de diálogo e modernidade do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) parece ficar só no palanque. Na prática, o tratamento dispensado aos aliados que ousam pensar diferente tem sido marcado por autoritarismo e retaliação política. A mais recente vítima dessa postura é o vereador Wiginis do Gás, que teve todos os seus cargos exonerados da Prefeitura após declarar apoio à pré-candidatura de Nina Souza para deputada federal.
A decisão pegou mal até entre alguns aliados de primeira hora do gestor. Nos bastidores, o clima é de indignação e medo. Muitos vereadores já comentam, em tom de revolta, que “em Mossoró ninguém pode ter opinião própria”. O recado de Allyson, segundo interlocutores, foi direto: quem não marchar sob a sua bandeira será tratado como inimigo.
O caso de Wiginis escancara uma contradição no discurso do prefeito. Enquanto se apresenta como o símbolo da “nova política”, Allyson reproduz velhas práticas de coerção e perseguição que sempre condenou. A exoneração em massa de aliados do vereador — gente humilde, que depende do trabalho para sustentar suas famílias — soa como uma punição cruel e desnecessária.
Curiosamente, o cenário político em Natal segue em outra direção. Lá, tem vereadores mal acostumados com privilégios e regalias, que tentam colocar a faca no pescoço do prefeito para arrancar vantagens políticas. Enquanto na capital o problema é o excesso de chantagem, em Mossoró o drama é o excesso de autoritarismo.

Entre a submissão e a imposição, o bom senso parece estar em falta na política potiguar. E diante do comportamento do prefeito mossoroense, uma reflexão inevitável ecoa pelos bastidores:
se Allyson age assim como prefeito, imagine esse cara governador?