Saulo Spinelly: Quando a cadeira do poder fica vazia, alguém senta

Há movimentos na política que não aparecem em coletivas, não saem no off dos portais e muito menos dependem de manchetes. Eles acontecem em silêncio e justamente por isso dizem mais do que qualquer discurso. Enquanto o País discutia a operação policial no Rio de Janeiro, sete governadores decidiram, literalmente, sentar na cadeira do comando nacional. Sem foto, sem postagem, sem assessoria. Só política em estado bruto.

Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Ibaneis Rocha (DF), Mauro Mendes (MT), Jorginho Mello (SC) e Ratinho Jr. (PR). Sete nomes com densidade, narrativa e, principalmente, ambição. Sete líderes capazes de eleger um presidente ou de serem um. E eles não se reuniram para “solidariedade”, como a narrativa oficial tentou jogar para a plateia. Reuniram-se para logística, comando, estratégia. Quem manda tropa. Quem manda helicóptero. Quem chega primeiro. Quem banca politicamente. O tipo de reunião que define poder real, não manchete simpática.

Há uma regra de ouro na política: quando o governo não lidera, alguém lidera por ele. E foi exatamente isso que se viu. Enquanto Brasília silenciava, os governadores ocuparam o vácuo. Não se fala de segurança pública sem presença. Não se controla a narrativa sem aparecer. E o governo federal, naquele dia, assistiu. Não reagiu. Apenas observou. Na prática, assistiu a direita construir uma cena nacional com timing, coesão e propósito.

O movimento não parou ali. No mesmo dia, o Senado instalou a CPI do Crime Organizado. Para funcionar, eram necessárias 27 assinaturas. Obtiveram 31. Quantas do PT? Nenhuma. Zero. É impossível esconder o componente político disso e, mais do que isso, o recado. Os governadores agiram na ponta. O Senado formalizou no institucional. O Executivo ficou no sofá. Política não tolera cadeira vazia.

Há quem tente tratar segurança pública como pauta técnica. Não é. Segurança é emoção. É medo, controle, comando. Quem oferece sensação de proteção vira referência. Quem hesita vira público-alvo. Naquele dia, sete governadores compreenderam algo básico: quem age governa; quem observa comenta. A direita não estava apenas reagindo a um momento de crise. Estava testando, em rede, capacidade de articulação nacional e mostrou que tem musculatura.

O resultado é simples: 2026 começou. Não oficialmente, mas politicamente. E o episódio revelou o que todo estrategista sabe: não existe vácuo de liderança. Ou o poder é ocupado pelo governo, ou é ocupado por quem está disposto a disputar.

A política não se move por declarações, se move por quem senta à mesa certa, no momento certo. E naquela mesa, naquele dia, o recado foi claro: quem governa de fato é quem aparece quando o país procura comando. O resto… vira espectador.

Eu vi o movimento. E você?

Saulo Spinelly Agora RN

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