Do sonho à decepção: a semelhança entre as administrações de Beto Santos e Dudu Machado — e a política fora das quatro linhas

O futebol potiguar viveu, em momentos distintos, duas experiências traumáticas que ainda ecoam nas arquibancadas. De um lado, Beto Santos, presidente do América em 2016-2017, que levou o clube à inédita Série D. Do outro, Dudu Machado, atual presidente do ABC, que também sofreu o amargo gosto do rebaixamento logo em seu primeiro ano de mandato.

Promessas grandiosas, resultados pequenos

Ambos surgiram como alternativas de renovação, com o discurso de “salvar” seus clubes das crises financeiras e esportivas. Assemelhavam-se mais a candidatos em campanha eleitoral do que a gestores de futebol: palavras bonitas, promessas de transformação, discursos carregados de esperança.

Mas, tal qual acontece na política, o abismo entre a promessa e a prática foi cruel. Sem experiência administrativa e sem preparo para a complexidade que envolve comandar instituições centenárias, acabaram entregando à torcida não os céus prometidos, mas sim os piores pesadelos da história recente de América e ABC.

O paralelo com a política eleitoral

O que se viu no futebol potiguar com Beto Santos e Dudu Machado não é diferente do que o eleitor costuma testemunhar nas urnas. Muitos candidatos se lançam em campanhas recheadas de frases de efeito e projetos mirabolantes. Dizem ter as soluções mágicas para todos os problemas, mas ao assumirem o poder revelam a dura realidade: falta de competência, de experiência e de preparo para transformar discurso em resultado.

Assim como dirigentes que rebaixaram seus clubes no campo esportivo, gestores públicos também podem “rebaixar” cidades, estados e até países quando, sem preparo, entregam menos do que prometeram e aprofundam crises já existentes.

Torcida e eleitorado: vítimas do mesmo erro

No futebol, quem paga a conta é a torcida, que vê seu clube ser humilhado e perder espaço nacional. Na política, é o eleitorado, que sofre com falta de serviços básicos, promessas engavetadas e administrações que se revelam incapazes.

Em ambos os cenários, o padrão se repete: prometeram o céu, entregaram o inferno. Tanto no futebol quanto na política, o eleitor e o torcedor aprendem da pior forma que boa vontade não substitui competência.

O recado que fica

As quedas de América e ABC sob as gestões de Beto Santos e Dudu Machado funcionam como metáfora clara para a vida pública: não basta carisma, discursos inflamados ou boas intenções. Para administrar, seja um clube de massa ou um município, é preciso planejamento, preparo e responsabilidade.

Se no futebol o preço foi o rebaixamento para divisões inferiores, na política o preço pode ser ainda mais alto: o rebaixamento da qualidade de vida de toda uma população.

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